quarta-feira, 22 de abril de 2009

… passa-se muitas vezes pelos mesmos sítios (2)

As minhas viagens de autocarro começaram no ano em que o Jacarandá do Largo do Virato morreu.
Em Abril de 2008, quando ainda não tinha folhas, pensei: fixe, vou assistir às etapas todas. Primeiro o castanho. Depois, por algumas semanas, o roxo. O verde também é bonito e mantém-se por longos meses. O problema é que os meses passaram e o castanho prevaleceu. A esperança de ver o roxo encolheu quando prenderam a árvore com uns cabos. Já mais para o final do ano, depois de mais de cem anos, a árvore deixou de estar lá. O Largo do Viriato ficou pequeno.
Achei simpático que plantassem rapidamente um novo jacarandá. Falta-lhe o tronco grosso. Faltam-lhe os 16,9 metros de altura. Falta-lhe a beleza. Faltam-lhe as qualidades para ser classificada como “árvore de Interesse Público”. Mas pelo menos a sequência castanho – roxo – verde vai continuar a preencher aquele trajecto.

(obrigada à minha mãe por me ter dado a conhecer o Jacarandá quando ainda era pequenina e, assim, ter podido assistir a muito arroxeares ao longo dos anos)

1 comentário:

  1. Isso de sobrevivermos a uma árvore tão bela dá uma ideia muito retorcida do tempo. Não é suposto sobrevivermos a árvores, muito menos a uma como aquela.

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